sábado, 29 de agosto de 2009

Três...3 anos

O quê? Já passou este tempo todo? Quem diria... Olho para tudo o que neste blogue foi escrito, confessado, desabafado e penso naquilo que eu próprio era há três anos atrás. Tudo mudou. Uns pontos para melhor. Outros para pior. Todos crescemos. Não só os que aqui escrevem como também os que nos lêem. E assim continuaremos, sempre. Para a escrita, para o pensamento, para a arte. Hoje fazemos três anos.
Os Impressionistas.

domingo, 23 de agosto de 2009

Noite, sonho e tudo o mais


É noite e o sono não surge.
Esconde-se, teimando em escapar…
Por agora em mim apenas urge
O Sonho em sonhos alimentar!

Não que seja nítido para mim,
Nem tão pouco simples de compreender
Que a secreta voz me segrede assim…
Como se fosse simples viver!

(Olho o profundo silêncio que é o pensar.
E pergunto-me como se me desconhecesse…)

Do que me valerá afinal
Afastar a sombra da ilusão
Quando os meus pensamentos
A meia haste estão?

Não a meia haste de luto, ora essa!
Mas sim a meia altura.
Aquela que me grita para descer à Terra
Enquanto fito o céu da Ternura!

Doravante, por ti, oh vida!
Que farei para te dotar de sentido?
Agarro a felicidade proibida?
Ou morro só e arrependido?


Aspiro as respostas...
Essas que mantêm viva a esperança.

23/08/09

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sentimentos


Voltei a sentir algo que me escapava há muito. Não só a família e os amigos de sempre que, nos momentos de sorriso ou de lágrima, me fazem sentir que sou realmente querido e que afinal represento algo mais do que possa julgar... Não só o conforto que é não ter mil e um pensamentos dessincronizados a ecoarem-me na cabeça... Não só todas estas sensações como também outras e mais algumas. Talvez por pura e supérflua ocupação do meu tempo e de não ter guardado mais nenhuma prateleira no meu cérebro para uma preocupação de última hora. Talvez por isto, talvez por outra coisa qualquer, tenha sido o coração a tomar a voz. Foi este o ano mais intenso da minha vida. E não só nos livros, como também naquilo que chamamos de sentimentos que, ora nos puxam para a ribalta da alegria e da cegueira de tudo o resto, ora nos embrulham no mar da tristeza e da consciência plena da nossa dor que involuntariamente dramatizamos... Pior é pensarmos que, de facto, conseguiremos ultrapassar a próxima barreira quando ainda não deixámos para trás a presente. Hoje, sei bem qual é a minha barreira. É tão nítido para mim... A pouco e pouco fui perdendo a noção do que tenho vindo a conquistar e a conseguir com a minha maneira sonhadora de ser! Crítico é o meu estado de não saber se o próximo passo a dar será o último ou um alimentar deste Sonho que em sonhos criei... Por sorte procurada ou merecida, por mera coincidência ou porque fora assim escrito, encontrei Alguém a quem me tenho prendido sem me dar conta. A questão seria fácil se não existissem certos e perigosos "mas...". Entrei neste beco e não sei como sair dele...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O tempo não perdoa

É verdade, sim. O tempo não perdoa. Vai para uma semana que somei mais um aos dezoito anos da maioridade que há um ano atingira. Poderia perfeitamente ser um sinónimo de progresso na capacidade de distinguir o bom do mau gosto, o possível do impossível, a realidade do sonho, mas não. Creio que estou na mesma. E quando digo que estou na mesma, quero com isto dizer que não é evidente para mim que tenha crescido ao longo deste tempo "todo". Eu sei. Não estou a ser claro... Mas também nunca foi na clarividência das coisas e do mundo que conheço que em momento algum me revi, até porque acho que para mim nada é transparente. Nem o agir, nem o conhecimento, nem a conquista da pura amizade, nem o amor... Nem mesmo o enigma que é o ser Humano. Nem mesmo o porquê de uns nos admirarem, outros nos odiarem, outros nos preferirem a terceiros, outros nos adorarem, mas que nem assim se revelam capazes de o demonstrar. No entanto... Talvez me tenha precipitado. Talvez tenha crescido. Admito que sim. De um menino loiro de olhos azuis, tronco não muito magro e postura reguila a um rapaz de um metro e oitenta e tantos centímetros de sonhador, leal e como todos os outros Homens, sentimental e introspectivo. Fisicamente, todos acabamos por crescer. Uns mais, outros menos - culpa do metabolismo biológico que nos diferencia. E, no entanto, a bom porto chegaremos à conclusão que nada daquilo que fomos se desvaneceu. Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. - sábias palavras de Lavoisier postuladas numa época particular, mas que facilmente se mostra transportável para a contemporaneidade. E tal como a Física, também a vida é feita de postulados e premissas válidas até ao rebentar de um novo Big-Bang. A astúcia de saber acompanhar o avanço dos tempos é um desafio difícil, mas coerente para o comum mortal. Acho que tenho conseguido fazê-lo. É óbvio que hoje não passo de um "puto" ainda verde, muito verde, mas que, em certa medida, já vislumbra o mundo de uma forma diferente de há dezanove anos atrás. São muitos os que qualificam a minha geração como a da internet e dos vícios precoces, esquecendo-se, talvez, que ninguém tem o poder de ir a um supermercado e escolher o dia predilecto para vir ao mundo. Não tenho culpa de não ter ouvido o Grândola Vila Morena em Abril de '74, nem sequer de não ter sentido aquele formigueiro de nervos no ventre enquanto Armstrong pisara a Lua em '69. Assim como os que partiram antes do início do novo milénio não puderam assistir à queda das duas torres para enorme júbilo de uma infinidade de podres árabes. Mais novos ou mais velhos, todos assistimos a coisas que nos tocam de uma maneira ou de outra. A absorção daquilo que tenho visto, ouvido e sentido, fez de mim aquilo que sou hoje. Mais maturo, quiçá mais capaz de não dizer sempre "sim". Guardo em mim o sonho de chegar a um instante mais longínquo da minha viagem pela Terra, relembrar o passado e poder apontar "aquele sou eu" e não "aquele fui eu". Por muito que mude, tudo fica.