sábado, 9 de janeiro de 2010

Undisclosed Desires

I know you've suffered
But I don't want you to hide
It's cold and loveless
I won't let you be denied

Soothing, I'll make you feel pure
Trust me, you can be sure

I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcise the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart

You trick your lovers
That you're wicked and divine
You may be a sinner
But your innocence is mine

Please me, show me how it's done
Tease me, you are the one

(...)

«Undisclosed Desires» - Muse






Falamos muitas vezes de desejos sem sabermos bem o que está por detrás deles. De onde vêm? Por quem chamam? A nós compete-nos dar-lhes a voz e a cor. Com tronco e membro já eles andam na nossa cabeça, aqui dentro. Se nunca lhes permitirmos a devida expressão, não serão mais do que meras poeiras e ventos que, pela nossa arca, noutros tempos deambularam. É certo de que a cor de que os dotamos ora pode ser o verde da esperança, o preto do fim ou o cinzento da incerteza. Não me espanta que muitas das vezes sejamos quase que obrigados a reter o que sentimos para nós e apenas para nós mesmos. O medo do confronto com a pura verdade que, a bem ou mal, algum arrepio na espinha nos trará, acaba por trancar a sete chaves o que, de facto, aqui vai dentro, num cofre - dizem os românticos - chamado coração. Motivos que cultivem os nossos receios nunca hão de faltar, até porque a nossa imaginação tratará do resto. Os nossos olhos sempre verão aquilo que quiserem realmente ver. Somos, de certa forma, cegos da realidade. Assimilaremos somente o que nos convier num dado momento. Seja o receio do fim último, o medo da rejeição, haverá sempre algo que nos tire o sono. E nem por isso deixaremos de viver.

Mas então, porque razão não damos a tal voz aos nossos desejos?
Deixem-me adivinhar...
Porque vamos falhar?
Poupem-me o choradinho habitual...

Eu respondo-vos: ninguém gosta de sofrer.
É assim tão complicado de compreender?
Não, claro que não.

Ainda assim, nunca me apanharão nessa. Os túmulos não foram feitos para mim. Expressar-me, arriscar o que quer que seja, só a mim me diz respeito. Se sofrer, pronto, é pena. Mas sofremos todos, ora não?

Pelo menos, conseguirei sempre dizer para mim mesmo que tentei.
E isso ninguém me tira.

1 comentário:

ZEQUINHA disse...

Tem graça escreveres este texto, neste altura da minha vida! sempre me vi como tu, um rapaz que não é um túmulo e nem percebe as pessoas que agem como se o fossem, mas hoje em dia, se existem túmulos, posso dizer que sou um deles =$ Mas sim, todos nós iremos sofrer, ao menos que soframos com a certeza de que tentámos tudo e que não poderiamos fazer mais nada!

ès o maior meu irmão :D AMO-TE MESMO <3