segunda-feira, 21 de julho de 2008

Esfera Transparente - V


Indefinidamente

Em noite - creio já cerrada - escrevo cansadamente
Sem que nada de real interesse me surja.
À branca luz desta lâmpada, desperto minha mente
Para que nenhuma palavra me fuja.

Lá fora, a firme escuridão, decerto, que alimenta
A fome negra de seus fiéis seguidores.
Não são mais que lobos que a Natureza afugenta,
Poupando a pele a pobres e inocentes pastores.

Estupefacto, pergunto-me porque será esta a primeira vez
Que em papel anão grafo o que me vem à cabeça.
Letra a letra, revelo, com pouca ou nula lucidez,
O medo de que este cérebro adormeça.

Até minhas mãos vejo já com pouca clareza.
É o sono que impõe sem dó nem piedade
Seu reinado de horas breves que com frieza,
Na horizontal me delega com felicidade.

Calma! Os meus olhos ainda não fecharam...
Longe, distante, espreito o sonho a caminhar
Rumo às instâncias que não acordaram
De um sono passado que as fez pensar.

Agora, sim... É o momento de dormir...
Mais um bocejar cansado de cansaço,
Sem que antes para a Lua eu vá sorrir.
Indefinidamente, adormeci em minha cama de tom baço.
21/07/08

2 comentários:

Unknown disse...

Falas muito de adormecer oh joao... Para que adormecer quando se pode alucinar com uns cogumelos ? han ? ah pois, é verdade, agora ando nisso... e pronto achei importante... este comentario é que devia ser transparente -_-

Anónimo disse...

lol o sono é realmente uma coisa terrível!!!

Realmente ó Carvalho só mesmo tu para propores cogumelos mágicos ao nosso grande poeta